5.11.09

Alfabetização e sucesso escolar

Quando iniciamos o questionamento acerca do fracasso escolar ocorrido na fase inicial de escolarização, ou seja, na alfabetização, muitas vezes temos a tendência de "culpar" os próprios alunos: desestrutura familiar, carências culturais, desinteresse e/ou núcleo social.

Diferentes métodos já foram adotados e também responsabilizados por esse insucesso.

Contudo, continuamos buscando explicações e alternativas de superação.

Então, podemos destacar a importância do trabalho de Emília Ferreiro e Ana Teberoski, com a Psicogênese da Língua Escrita, em que nos mostram o quanto as crianças são intelectualmente ativas no processo de interação com a escrita e a leitura, formulando suas próprias hipóteses quando estas se tornam alvo de seu interesse e desejo.

Podemos então enfatizar o importante papel do professor em favorecer situações de estímulo às trocas entre os pares e envolvimento dos alunos para então desenvolver interesse e desejo de aprender.

Ainda não conseguimos erradicar a repetência e o fracasso escolar, no entanto, se conseguirmos, enquanto educadores, responsabilizarmo-nos com o estímulo à leitura e escrita, tornando esses momento situações prazerosas e divertidas, em que haja uma real interação dos alunos, acredito que muito avançaremos e possibilitaremos a felicidade e sucesso de um número muito maior de crianças.

LIBRAS

Na semana passada estava em casa assistindo a um episódio de Cold Case, seriado policial exibido no Warner Channel e deparei-me com um crime ocorrido em uma escola para pessoas surdas.

Não vou ater-me aos detalhes do episódio, contudo não posso deixar de chamar a atenção para as pessoas que conviviam naquela comunidade surda.

Pude acompanhar questões de relacionamento, situações diárias como as que foram relatadas na aula presencial de LIBRAS – campainhas luminosas, o uso de mensagens no celular, o toque para chamar a atenção da pessoa surda.

Outro tema bastante abordado referia-se ao romance entre um surdo e uma menina ouvinte e os preconceitos que ambos enfrentaram.

Achei muito interessante uma frase dita por um dos personagens surdos do seriado que afirmou:

- Eu ouço o mundo com os olhos!

Tentei realizar um exercício de imaginação no qual tivesse que ouvir o mundo com os olhos e quais associações seriam possíveis. Não obtive muito sucesso, no entanto acredito que as pessoas que possuem alguma limitação ou deficiências de qualquer natureza, buscam estratégias compensatórias a fim de concretizarem de maneira mais eficiente sua relação com o mundo.

Necessidades Educacionais Especiais

Ao realizar o estudo da história da Educação dos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais no Brasil podemos compreender um pouco mais a realidade atual e como ela configurou-se.

Percebemos que somente a partir da década de 50 é que são criadas as chamadas Classes Especiais no Brasil, com a proposta de educar os alunos com deficiência mental, visto que até então o isolamento e a segregação eram as medidas adotadas.

Chama a atenção o encaminhamento dos alunos à essas classes, já que a real intenção continuava sendo a segregação, ou seja, eram criados espaços para os que não ajustavam-se adequadamente ao ambiente escolar.

A ênfase ainda era aos alunos com deficiências mentais, sem preocupação com deficientes físicos, visuais ou auditivos.

Ainda hoje, é possível encontrar Classes Especiais na rede estadual de ensino de Porto Alegre, o que só dificulta a real inclusão dos portadores de necessidades educacionais especiais que continuam excluídos em turmas de "iguais", impossibilitando o desenvolvimento de múltiplas habilidades que são proporcionadas com a convivência e o respeito às diferenças.

Cabe ainda ressaltar que a inserção desses alunos na rede regular não garante o fim do preconceito e da real inclusão, afinal, somente com estudos e debates francos e subsidiados teoricamente favoreceremos um trabalho de qualidade com respeito ao desenvolvimento cognitivo e social desses estudantes.