15.12.10

EIXO 7

Os conceitos que posso destacar nesse eixo são essencialmente especificidade cultural, exclusão escolar e planejamento.

Quando pensamos em Educação de jovens e adultos ou educação de pessoas surdas ou alfabetização, devemos levar em conta as especificidades dessas modalidades de ensino.

Então, podemos perceber como nos diz Edgar Morin (2001, p. 92):

Na história, temos visto com frequência, infelizmente, que o possível se torna impossível e podemos pressentir que as mais ricas possibilidades humanas permanecem ainda impossíveis de se realizar. Mas vimos também que o inesperado torna-se possível e se realiza; vimos com frequência que o improvável se realiza mais do que o provável; saibamos, então, esperar o inesperado e trabalhar pelo improvável.

  Afinal, quando estudamos a história da Educação dos Surdos e da própria Educação de Jovens e Adultos, podemos perceber que o improvável se realiza, afinal, há algumas décadas atrás, quem poderia imaginar que estaríamos lutando pela Inclusão real dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais? Quem poderia imaginar que lutaríamos por uma educação realmente libertadora?

E para tal caminho ser bem sucedido, devemos levar em conta a especificidade cultural dos diferentes membros de nossa comunidade escolar, o que fica muito claro através da pesquisa que realizamos na interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos e que investigava justamente os elementos para um trabalho bem sucedido na Educação de Jovens e Adultos, na visão de professores que atuam nessa modalidade. (http://ejagrupo15.pbworks.com/P%C3%B4ster)

Ao pensarmos em um planejamento respeitando as diferenças e abordando assuntos do cotidiano, não podemos deixar de pensar que esse planejamento não é exclusivo da modalidade de EJA, ele é necessário a qualquer modalidade de ensino, uma vez que somente através da contextualização e da politização do ensino poderemos realizar a tão almejada mudança social.

Nesse prisma, professores e professoras tem um papel, sobretudo político e precisam problematizar a educação, buscando o porquê e o para quê do ato educativo;

No entanto, pergunta-se, até que ponto pode-se dizer que esse fazer político está presente no cotidiano escolar? Estamos problematizando as questões ou continuamos nos calando diante das injustiças? Estamos realmente contribuindo para a modificação desse cotidiano homogeneizado, seletivo e excludente?

Será que a simples defesa da inclusão e sua prática efetiva sem discussão e análise de todas suas implicações contribuem efetivamente para o fim da exclusão ou aumenta ainda mais esse aspecto? Quando inserimos um aluno com necessidades educacionais especiais em uma turma regular, estamos praticando inclusão ou estamos fazendo de conta que isso realmente acontece.

Gadotti (1998, p. 74) entende que não há uma educação tão somente reprodutora do sistema e nem uma educação tão somente transformadora desse sistema. Essas duas tendências complementam-se no plano educacional numa perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim:

[...] há uma contradição interna na educação, própria da sua natureza, entre a necessidade de transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa conservadora da educação – e a necessidade de criação de uma nova cultura, sua tarefa revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada é que uma das duas tendências é sempre dominante.

Portanto, o papel dos profissionais da educação necessita ser repensado. Esses não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade do conflito, não podem ser ausentes apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas; não podem mais ser omissos, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, não com o intuito de inspiração ideológica de suas crenças, mas como alguém que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, ao conflito, à problematização do seu saber, dessa forma essencialmente buscando o fim da exclusão escolar.

Concluindo, comunga-se com as palavras de Gadotti (1998, p. 90) que alia ao papel social de professores e professoras esperança em um futuro melhor para a educação brasileira:

Ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação realmente democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração do trabalho. Esse novo projeto, essa nova alternativa, não poderá ser elaborado nos gabinetes dos tecnoburocratas da educação. Não virá em forma de lei nem reforma. Se ela for possível amanhã é somente porque, hoje, ela está sendo pensada pelos educadores que se reeducam juntos. Essa reeducação dos educadores já começou. Ela é possível e necessária.

Esperamos que nós os profissionais da educação realmente acreditássemos nessa força que Gadotti nos deposita, e desejemos realmente participar da construção de uma nova educação para um novo mundo.

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